sexta-feira, 9 de maio de 2014

Reportagens


Por: Márcia Domingues

Esta reportagem da Fundação Telefônica sobre o trabalho infantil no Brasil trata deste grande problema social onde vemos milhares de crianças deixarem de ir às escolas para trabalhar na lavoura, no campo, nas 
fábricas ou em casas de família. Apesar de no Brasil, o trabalho infantil ser considerado ilegal para crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos, a realidade continua sendo outra. Para adolescentes entre 14 e 15 anos, o trabalho é legal desde que na condição de aprendiz.


Trabalho infantil e desinteresse levam à evasão escolar


Créditos: Max Klingensmith 

Yuri Kiddo, do Promenino com Cidade Escola Aprendiz


Mais de 50 milhões de alunos matriculados na educação básica do País deveriam ter voltado a estudar nesse início de ano. Porém, um a cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental no Brasil abandona a escola antes de completar a última série, segundo o Relatório de Desenvolvimento 2012, do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud). 


Imagem 1
A necessidade de trocar os estudos pelo trabalho, a distorção de idade e série, a falta de acesso e o desinteresse são os principais motivos para que 25,3% das crianças e adolescentes abandonem aescola. A estatística da Organização das Nações Unidas torna o Brasil o terceiro em taxa de evasão escolar entre os 100 países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). No relatório, o Pnud sugere que o país adote "políticas educacionais ambiciosas".
É no ensino médio que a maioria desiste. O relatório Crianças Fora da Escola 2012, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aponta que 534.872 crianças e adolescentes de 7 a 14 anos estavam fora da escola, sendo a região Nordeste a de maior concentração, com 189.483. Dos adolescentes com idade entre 15 e 17 anos, o número é quase três vezes maior: 1.539.811 jovens abandonaram a escola, o que representa 14,8% desta população. Em números absolutos, a região Nordeste é novamente a primeira, com 524.114 adolescentes, seguida da Sudeste, com 471.827.


Para a diretora pedagógica da Associação Cidade Escola Aprendiz, Helena Singer, há uma série de complicações que fazem com que meninos e meninas larguem a escola, desde a falta de articulação da rede de proteção e garantia de direitos das crianças e adolescentes até a estrutura escolar, arcaica e que não atrai os jovens. “Os interesses dos alunos não são contemplados nas escolas, tudo já vem pronto e decidido. Os jovens precisam ser convidados para fazer parte do debate da proposta da escola, com fóruns de discussão modelos que contemplem os estudantes.”

Nesse sentido, a escola tem um papel primordial para combater a evasão escolar. “É ela quem deve primeiro identificar a criança ou adolescente que abandonou os estudos, que está com muita falta ou com aproveitamento abaixo da média”, afirma o coordenador da área de infância do Ministério Público do Trabalho (Coordinfância/MPT) em Goiás, Tiago Ranieri. “A partir daí, a escola deve acionar a rede de proteção, de forma que os agentes da rede entrem em contato e forneçam assistência à família, identificando o problema familiar que levou a criança ou adolescente abandonar a escola.”

Para a diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz, a qualidade de ensino também é responsável pelo o abandono. “Geralmente os alunos estão aprendendo pouco, mesmo quem conclui o ensino médio. Isso acaba não abrindo tantos espaços assim de inserção de trabalho porque seu desenvolvimento não aconteceu de forma plena.” Ainda que com baixa qualidade, Helena explica que a escola ainda é importante. “Mesmo com todos os defeitos, a escola ainda diferencia as pessoas. Quem tem maior tempo de aproveitamento escolar acaba tendo mais oportunidades e visão crítica de mundo”, afirma. 

Escola x Trabalho 

Imagem 2
O coordenador regional da Coordinfância aponta ainda o trabalho infantil como uma das causas da evasão escolar. “Tudo começa pela vulnerabilidade socioeconômica da família, então os filhos acabam por terem que trabalhar para ajudar na renda da casa, dividindo o tempo entre escola e trabalho”, explica. “Uma criança que consegue angariar algum valor acaba largando a escola porque ele vê ali uma solução imediata, o ambiente escolar passa a perder o sentido.”

Ainda de acordo com o relatório do Unicef, os adolescentes de 15 a 17 anos que trabalham e estudam ao mesmo tempo somam 2.196.092 em todo o País, o que representa 21% do total dessa faixa etária. A região com maior proporção de adolescentes nessa situação é a Sul, com 24,7%, seguida pela Nordeste, com 22,4%. Em termos absolutos, as líderes são as regiões Sudeste, com 737.884, e Nordeste, com 732.520.

O trabalho tem muita influência para que um jovem deixe de frequentar a escola. Para poder trabalhar durante o dia, é comum o aluno optar pelo período noturno escolar. Porém cansados, não conseguem acompanhar as aulas. “Trabalhando o dia inteiro, esses meninos e meninas ainda em formação física e psicológica têm seu rendimento afetado ou deixam de frequentar a escola por cansaço”, aponta Ranieiri. “Geralmente essas crianças não vão trabalhar em escritório, e sim em trabalhos que adultos não querem fazer e que envolve esforço físico.” 

Para o coordenador nacional do combate à exploração do trabalho de crianças adolescente do MPT, Rafael Dias Marques, muitas dessas crianças e adolescentes estão perdendo a sua capacidade de elaborar um futuro. “Elas estão desenvolvendo doenças de trabalho que os incapacitam para a vida produtiva quando se tornarem adultos. Essa é uma das mais perversas formas de violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes”. Marques também corresponsabiliza a sociedade como um todo. “No momento em que a população se conscientiza, passa a ser um agente de cobrança do poder público para que políticas públicas sejam desenvolvidas e essas crianças e adolescentes possam se desenvolver de maneira integral.”

Fonte: http://www.promenino.org.br/Noticias/Reportagens/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar







Oralidade: um eixo da Educação Infantil



April 29, 2014 às 10:30 am | Educação Infantil - Leninha Ruiz




A escola tem um papel fundamental na aquisição da linguagem. O professor sempre deve incentivar os pequenos a participarem de situações comunicativas. Foto: Gabriela Portilho No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), a oralidade aparece no eixo de Linguagem Oral e Escrita. No entanto, devido a sua importância e especificidades dos conteúdos de aprendizagem, prefiro sempre abordá-la como um eixo em si.
Sabemos que se expressar oralmente com clareza e autonomia está diretamente ligado às vivências do indivíduo e às oportunidades de participar ativamente como interlocutor, ouvinte e protagonista em diversas situações comunicativas. Isso porque a comunicação oral permeia o nosso dia a dia em diferentes práticas sociais: conversas, apresentações, explicações, entrevistas e debates, entre outros. Poderíamos, ainda, aumentar essa lista se partíssemos para a esfera da Arte, com a música, o teatro e a poesia. Portanto, falar bem é uma condição da cidadania e a Educação Infantil pode trazer muitas coisas para a aprendizagem dos pequenos.

Conteúdos e objetivos de aprendizagem

Na creche, com pequenos de 0 a 3 anos, é notável a importância de conversar com os bebês e com as crianças de 1, 2 e 3 anos. Nessa etapa, a escola tem um papel fundamental na aquisição da linguagem. Por isso, as diversas situações da rotina, como brincadeiras, alimentação, troca de fralda, banho, roda de leitura e de música, são oportunidades de aprendizagem, visto que o professor fala, acolhe, convida e sugere aos pequenos que participem de situações comunicativas. Ele também deve ajudá-las a se expressar sem utilizar falas infantilizadas. Ler histórias de qualidade, ensinar músicas, parlendas e brincadeiras orais são atividades privilegiadas nessa faixa etária. Veja uma pauta de observação para o grupo de 2 anos clicando aqui.

Nas turmas de 4 e 5 anos, as possibilidades de projetos e sequências envolvendo os conteúdos de aprendizagem do eixo de oralidade ganham outra perspectiva. Como as crianças já falam, sabem comunicar seus desejos e argumentar, é hora de investir no aprimoramento das capacidades comunicativas. São bem-vindos os projetos que envolvem a memorização de poesias ou parlendas para apresentação, as brincadeiras com fórmulas de escolha (“Lá em cima do piano…”) e de bater as mãos, como “O Trem maluco” e “Adoletá”. Exposições orais para outros colegas da classe sobre temas pesquisados nos projetos de Natureza e Sociedade também são um bom motivo para envolver as crianças em situações de comunicação oral. Veja aqui um quadro de expectativas de aprendizagem que elaboramos como fruto de uma formação nesse eixo.
Para essas duas faixas etárias, o que eu considero indispensável de fazer diariamente e em todas as turmas é a roda de conversa. Mas esse assunto fica para o texto da semana que vem!
E vocês, coordenadores, como tratam a oralidade no planejamento das atividades dos pequenos da Educação Infantil?

Antes de me despedir, quero deixar meus parabéns para a revista Gestão Escolar, que completa 5 anos este mês! Durante esse tempo, recorri aos seus conteúdos inúmeras vezes, principalmente para pesquisar projetos de formação que pudessem ser incluídos nos meus planejamentos. Que maravilha será, se cada vez mais, os gestores de todo o Brasil utilizarem os diferentes materiais que são trazidos pela publicação. A Educação só tem a ganhar!



Nenhum comentário:

Postar um comentário